sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Vinil x CD x MP3


No Programa do Jô de 26/08/2010, foram convidados para entrevista o João Augusto e Rafael (ex-Baba Cósmica), pai e filho, donos de uma fábrica de vinil. Nesta entrevista discutiu-se o assunto mais polêmico da música depois do Rock: a qualidade da música digital.

Não caberia a mim explicar sobre o processo de gravação, isso você encontra na net facilmente. Mas vou dizer beeem resumido para explicar minha teoria.
A gravação de uma música é feita de captação analógica (feito com microfones e equiptos semelhantes), mixagem e prensagem do material final.
Se a música não foi feita no computador (um teclado "moderno" ou qq coisa parecida), ela nasce analógica, com todos seus defeitos e qualidades. Cada instrumento é gravado separadamente. Depois disso, cada gravação entra no computador para serem unidas, reguladas e colocados seus devidos efeitos. Neste processo, a música já ficou digital.

MAS essa gravação digital de qualidade total não é a que você compra, seja em CD ou MP3. Fazendo uma comparação medíocre, o que você compra é uma xerox da música. Parece igual, mas tem muitas falhas. E no caso do MP3, é uma xerox preto e branco, de 2ª qualidade!

Por que isso acontece? Porque o CD é uma tecnologia de 1980! Enquanto neste período, na linha de imagem (filmes), tivemos o VHS/Betamax, LD, VCD, DVD e BD (Bluray Disc), na música só tivemos o CD e uma tentativa fracassada do MD. Tudo porque a indústria foi extremamente gananciosa neste setor.

Em um CD não é possível colocar a quantidade total de informações (sons) de uma gravação original, analógica ou digital. Então, são cortadas algumas frequências, que os "especialistas" julgaram como imperceptíveis ou desnecessárias. Já o vinil não tem toda essa limitação (na verdade tem um pouco, mas não vem ao caso). Por isso a diferença de qualidade entre o vinil e o CD.

Hoje, um aparelho de DVD tem o mesmo preço, senão até mais barato, que um aparelho de CD. Mas nunca foi interessante para a indústria lançar um tocador de DVD para música, o DVD-Áudio. Para quem não sabe, em um disco de CD cabe 0.6Gb de informações, contra os quase 9Gb de um DVD. Portanto, não seria mais necessário "comprimir" a música para caber no disco.

E existe o DVD-Áudio? SIM! Mas três fatores fizeram que esta mídia não vingasse:
  1. Necessidade dos clientes, no caso, quase nenhuma. O povo está contente com o CD do jeito que é.
  2. Direitos sobre a tecnologia encarecem o produto.
  3. Inventaram uma bobeira que a música gravada em DVD-Áudio deveria ter som 5.1, e ninguém comprou essa idéia. Seria mais trabalho (desnecessário) nas gravações, além da inviabilização de um tocador portátil (afinal só temos 2 ouvidos, como fazer um portátil tocar em 5.1?). E no carro então, onde colocar tantos altofalantes?
  4. Sei que eu disse 3, mas esse 4º item seria relativo a troca de equipamento (você comprar um aparelho novo). Mas não considero isso, pois afinal, se você comprou video-cassete, DVD e já está pensando num Bluray (se já não tem um), então porque não comprar um novo tocador de CD?

O CD foi um "mal necessário" em 1980 para a evolução da tecnologia, mas já está mais que na hora de abolir essa mídia. Pena que o MP3 veio para atrapalhar, enfraquecendo a mídia física.

Só pra constar, não sou contra o MP3, mas música de qualidade ainda não é viável nesse formato. E este post foi dedicado a mídia física.
Já o "som romântico" dos chiados do vinil é uma outra história. Já as capas, só não existem mais porque não querem fazer. O DVD, por exemplo, tem a capa maior que o disco.

Historinhas
  • Em 1982, eu ouvi uma gravação de um CD japonês! Era uma cópia do pré-lançamento do CD comercial, gravado em 1981 pela Phillips. Para mim foi algo impressionante na época, por causa da clareza do som. E olha que foi uma cópia em fita cassete! A capinha da fita era uma foto da capa do CD e tinha o número 00009 gravado na capa. Ninguém no Brasil tinha um CD player e o disco devia custar uma fortuna, por isso havia cópias (piratas, claro) em fitas cassetes. Coisas da minha tia. Por sinal, ela era proprietária de um monstruoso video-cassete player Betamax, conhecido como "Piano" na época, por conta do tamanho das teclas.
  • Em 1990 (acho) eu comprei um CD do Front242, o Front by Front. Foi meu primeiro CD. Detalhe: eu não tinha player! Só ouvi esse CD quase um ano depois, nas casa de um amigo. Entre idas e vindas, acho que esse CD está com ele até hoje.
  • Especial pro @filipemaklavian: Eu era pequeno, mas ouvi The Dark Side of The Moon, em LP, na época do lançamento, umas 100 vezes, por causa do meu pai hahaha! Qdo eu ouvi o CD, pensei: Cadê aquela emoção que tinha no LP?
  • Meu primeiro disco ganhei meu pai em 1974. Foi um compacto do Elton John, com Lucy In The Sky With Diamonds (um super cover dos The Beatles) e Cold Highway (essa segunda nunca saiu oficialmente em nenhum LP). Em pouco tempo ele ficou com um risquinho e pulava um segundo da Lucy... Qdo eu ouvi o CD, fiquei emocionado de ouvir essa música com tanta clareza e sem o risco. Não sei o que aconteceu com o meu compacto, mas depois de uns anos a minha irmã acidentalmente ganhou um outro do Elton, de 1972 (ano que nasci), com Goodbye Yellow Brick Road. Não lembro o que tem do outro lado, depois vejo em casa e corrigo o post.
  • Em meados dos anos 90, antes dos CD-R, fiz muitas cópias de CD no meu videocassete Hi-Fi. A cópia ficava muito melhor que na fita cassete comum, mas era pouco prático.